sábado, 19 de junho de 2010

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Peças (bandejas) para mesa de centro I












Proposta de Projeto I: Apresentação


O presente trabalho vem sendo desenvolvido desde 1997, estimulado pela reflexão sobre as possibilidades de reutilização de aparas e refugos de madeiras nobres na fabricação de peças artísticas.

Apresentação

Nos atuais dias dificilmente conseguimos encontrar objetos, artigos, peças utilitárias e móveis em madeira maciça; e caso encontramos, são destinadas a um público restrito, de alto poder aquisitivo. Aliado a isso, atualmente encontra-se crítica a situação da preservação de nossos recursos naturais. Por outro lado, avanços tecnológicos possibilitam alternativas que adquirem valor de acordo com a forma trabalhada e propostas almejadas. Também é sabido que a diversidade e originalidade das soluções criadas pelos produtos brasileiros têm ótima aceitação nos grandes centros europeus. Pensamos na aceitação externa e também interna de nossos produtos, na qualidade e disponibilidade acordada com empresas do ramo moveleiro, como ainda nas possibilidades de resgate tanto cultural como social que podem ser integrados no trabalho. A escolha da madeira maciça (ou do MDF, sua alternativa) como matéria-prima para o trabalho firma-se não só em sua intensa presença em nossa história, seja na forma do extrativismo, seja na forma de móveis e utensílios; mas principalmente como representativa do caráter essencial de nossas raízes. Assim, além de resgatar nosso passado, os objetos criados com madeira trazem novamente à tona a nobreza desse material enquanto objeto de arte, destinado hoje em dia a um segundo plano. Já no caso do MDF temos a resistência da tradição que não se fixando num ponto do passado, acaba por incorporar inovações e problemáticas atuais, permitindo que através da criatividade tão característica a nossa cultura desenvolvam-se novas soluções, indicativas de sustentabilidade tanto social como ambiental.
Por outro lado, temos a produção artesanal figurada ao mesmo tempo na forma de atividade econômica e, manifestação ideológica e cultural, resultantes da miscigenação que nos caracteriza como nação. No âmbito econômico, têm-se duas formas de atividade: uma primeira centrada no campo, sendo o artesanato meio de se complementar a renda adquirida através da agricultura de subsistência. Na segunda, inserida na região urbana, temos duas formas de trabalho: uma sendo aquela do artesão de tempo integral (que sobrevive exclusivamente do produto que faz) e outra daquele que não depende do artesanato, mas o tem como complemento da renda mensal. No âmbito ideológico e cultural, o trabalho com a madeira possibilita resgates culturais importantes na configuração do indivíduo como sujeito agente, trazendo muitas vezes do passado traços culturais que recompõem uma origem, uma história, uma tradição familiar dissolvida nas exigências constantemente impostas pela modernização e pelo progresso nas grandes cidades.

A Madeira: objetivo do trabalho


Madeira

Ressignificação à vida pelo que esta traz de crescimento e compreensão: aprendizado. A multiplicidade de pontos que emaranham a criação. Brota a vida e se faz rica no relativo do tempo: sua residência. A fragmentação, ruptura assumida, nos conduz à saturação: extinção. Crescente mostra-se a aflição; surdo e amargurado grito preso às lágrimas vêm no tempo. Por fim e destino, o desígnio de cada peça será restituir e resguardar aos possíveis resquícios, resíduos e sobras encontradas de centenários seres, sua primeira função. Preservado na individualidade de cada peça ou ser restituído, o valor simbólico resguardado pretende edificar não só a reutilização, mas prioritariamente a reflexão sobre nossa relação.